sábado, 9 de julho de 2016

Coluna ereta

Estou a ler um livro muito interessante que se chama " O ponto de equilíbrio". Acabei um capítulo que trata justamente sobre as mudanças de hábito que se fazem necessárias para que tenhamos uma vida mais leve e feliz.
A leitura caiu como uma luva para o momento que estou vivenciando neste feriado. Frustração comigo mesma por não realizar as coisas que, há tempos, planejo. Chateação por nunca conseguir atingir uma meta boa nos estudos, por não estar fazendo teatro como eu gostaria etc etc. E muita raiva de mim mesma por me permitir respirar e viver em função dos outros.
É muito triste quando sua auto-estima está lá embaixo. Por mais que as pessoas ao seu redor te encham de elogios, nunca basta, o processo é interno e demasiadamente complexo (ao meu ver, pelo menos quando você está mais fragilizado, olhando de fora tudo parece ser mais fácil). Em suma: o buraco é mais embaixo.
Uma das coisas que me surpreenderam foi a constatação que nossos gestos habituais influenciam muito na maneira como nos sentimos. Corpo físico espiritual estão de certa forma tão ligados que hábitos cotidianos interferem sobremaneira nos nossos sentimentos. Dou meus exemplos: fui me tornando, ao longo do tempo, uma pessoa insegura e medrosa, minha postura, deste modo, encontra-se bastante curvada. Passo 7h do meu dia trabalhando e parece que tem um peso enorme nas minhas costas. Eu simplesmente não consigo ficar com a coluna ereta e trabalhar.
Ao contrário de mim, pessoas que possuem uma postura mais adequada denotam coragem para enfrentar o mundo e, mais uma vez, cito um exemplo bem próximo a mim: meu namorado. A postura dele é tão reta andando que lhe confere um ar de abertura a conversas e brincadeiras, demonstra confiança e aceitabilidade e é assim justamente que ele é. É impressionante como as pessoas nos param para falar com ele, mesmo que não tenhamos nos dado conta que algum conhecido nosso esteja por perto.
Tais constatações me fizeram querer, também seguindo as 21 dicas contidas no livro, mudar de hábitos para me tornar uma pessoa mais segura e feliz. E tenho certeza que um dos meus maiores desafios será justamente a coluna ereta. Postura!

terça-feira, 29 de março de 2016

Ninguém nunca vai te dizer o quanto é difícil começar

     Minha vida não tem lá uma constância em mudanças de hábito, apesar de eu, constantemente, mudar de ideia. As prioridades deixam de ser prioridades, outras coisas que eu julgava irrelevantes passam a ocupar boa parte do meu pensamento, ou seja, confusão faz, nem que seja um pouco, parte da minha essência.
     Ocorre que, há cerca de um ano, tive que sair da faculdade e começar a trabalhar, sim, logrei êxito em me formar numa Universidade Federal, num dos cursos mais concorridos que é o Curso de Direito e fui contemplada com uma proposta de emprego irrecusável. Estava, então, concluído o meu plano B: formada em Direito, trabalhando para garantir meu sustento e o próximo passo seria me tornar atriz, como eu sempre quis, ou achava que queria!
     De fato, o curso que eu queria fazer quando saísse do colégio era Artes Cênicas, mas os meus pais alegaram que não teriam condições de me sustentar fora do estado e eu não sabia, juro, que existia curso de teatro na UFS.
     Prestei vestibular para direito, passei na OAB, escrevi um TCC em 15 dias, assumi o emprego e fiz cursos e mais cursos de teatro. E as pessoas envolvidas no meio artístico me desapontaram. Longe de mim achar que em outros ramos não teria oportunistas e falsidade, meio que isso já virou algo inerente à condição de ser humano, falível. Mas eu detesto injustiça.
     Eis que os rumos da vida me fizeram mudar de ramo outra vez, mudar, voltar, me reconectar/reencontrar não sei! Mas optei por começar a estudar para concursos públicos na esperança de um dia poder ser, mais do que aplicadora do Direito, concretizadora da Justiça. Pena que não me alertaram o quanto era difícil começar.
     Ao longo da faculdade eu desenvolvi trauma de certas matérias, inseguranças e criei uma ojeriza tão grande com relação ao mundo do Direito que deixei de aproveitar alguns dos bons professores que possuía. Paciência. Ao mesmo tempo, detestava discutir temas jurídicos porque meu chefe do estágio jamais tecia elogios ao meu respeito (detalhe que foi ele que me indicou para o trabalho 2 anos depois). Sentia-me muito diferente da época em que estava no colégio. Antes eu amava estudar e depois o estudo me mortificava.
     Resultado: enquanto os meus colegas passavam nos mais diversos concursos eu estava estagnada e isso começou a me incomodar. Percebi que esse meu posicionamento se dava em outras searas como família, relacionamento amoroso, saúde e bem estar. Resolvi mudar a chave.
    Rompi um relacionamento de quase 10 anos que já não me fazia bem, resolvi minhas celeumas com mãe e irmã e estabeleci novas "metas". Analisando friamente o que eu tava fazendo da minha vida, estava incorrendo em três erros graves com relação ao meu objetivo profissional: 1) estava me boicotando; 2) não tinha objetivos definidos; e 3) fugia.
     O boicote consistia em sempre me achar mais burra do que todo mundo. Assim, eu não precisava estudar, não ia aprender mesmo! Achava que o fato de não saber responder uma questão de concurso era o fim do mundo, então, simplesmente parei de fazê-las, quando o treinamento é mais que a alma do negócio. Pensei, então: qual foi a fórmula que eu utilizei para ter sucesso no vestibular? A resposta não foi outra, tudo que eu não estava fazendo para passar no concurso: horas de estudo aliado à resolução de provas anteriores.
    Eu também não tinha objetivos definidos, ou seja, não sabia que carreira seguir, inicialmente queria ser advogada, depois defensora, promotora, juíza, depois queria a área federal, enfim! Até que numa aula de cursinho, um professor disse que o maior erro dos concurseiros era estudar para todos os editais, é preciso focar em um, e foi isso que eu fiz! Estabeleci o que eu queria ser e comprei um material bem bom, que ainda estou no início, mas acho que valeu a pena.
     Meu terceiro maior erro era fugir. Quando eu não estava bem no Direito eu fugia para o teatro e vice e versa. Acontece que, também avaliando todo o meu trajeto até aqui, percebi que as experiências no ramo jurídico sempre me renderam mais frutos que no ramo artístico. É preciso interpretar os sinais. Com isso, acho que acabei encarando melhor as minhas dificuldades e passei a convertê-las em desafios.
     Bom, agora estou exatamente aqui. Não, ainda não consigo estudar mais de 4 horas por dia e às vezes não chego nem a isso! Eu também não resolvo questões todos os dias e, sim, ainda tenho muitos vícios a serem superados, inclusive o mais recentemente adquirido: SNAPCHAT.  Sim, eu tenho preguiça, sim, Direito Constitucional ainda não entra na minha cabeça, sim, eu ainda tenho MUITO caminho pela frente, mas pelo menos eu comecei!
     É difícil, é foda, mas algumas reflexões tão meio que me ajudando a atravessar essa fase inicial: 1- se eu fosse burra não passaria nem no vestibular; 2- pessoas com muito menos condições financeiras e culturais, até, que eu conseguiram passar num concurso e o diferencial foi a força de vontade; 3- a gente só precisa de 21 dias para criar uma rotina, então nesse período presume-se que vai ser osso estudar, então tá beleza! Tá osso mesmo!;  4 - eu não posso e nem preciso comparar com ninguém que já passou em um concurso, pois estamos em desigualdade de condições, eles estudaram e eu não; 5- eu já passei por poucas e boas na minha vida, estudar não é nem de longe a mais difícil delas; 6- para ser quem eu quero ser eu preciso passar no concurso; 6- pelo menos eu comecei!
     Então, fica a dica!


domingo, 27 de março de 2016

Ela

Ela é complicada, gosta de perfeição, de pessoas que seguem a linha ou que dirijam na contramão a tirando do prumo. Seu rumo é, pois, indefinido, apesar de detestar indefinição. Ela é volúvel, instavelmente serena e sua alma não é pequena, gosta de borboletar. Saborear o tilintar do vento e dançar ao ritmo das sobras, afinal sabe conviver com clareza e escuridão. Detesta desamor. É constante contradição.

Talvez

Eu precise mesmo de um tempo só
Pra me reconectar com os meus sistemas
Que entraram em curto curto-circuito há um tempo atrás

Eu precise respirar todo ar que eu encontrar
Aquele que faz abrirem as asas
E que dá vontade de voar

Quem sabe, eu precise me reencontrar
de dentro para fora e não precise
de ajuda

Eu queira estar num quarto escuro sem fazer nada
tentando ouvir a voz do coração
que às vezes grita

Mas talvez eu só precise de você
Um alguém que
Insista

Espalhe amor

Espalhe
Amor
Quem sabe
Nasça flor
E alguém
Sinta seu perfume
Ainda que
de longe