Minha mãe
teve uma sorte danada. Digo sorte no sentido bom de ter tido duas filhas como
eu e minha irmã que, apesar dos pesares e sem falsa modéstia, somos muito boas
filhas, mas também posso dizer “sorte” com uma dose de ironia porquanto, não
obstante sejamos mocinhas legais, nascemos completamente diferentes.
Enquanto eu
sou virginiana, signo de terra, um pouco sonhadora, mas sempre com os pés no
chão, minha irmã escolheu nascer logo no primeiro dia de junho, como autêntica
geminiana, signo de ar, cabeça de vento...brincadeirinha de irmã!
Enquanto eu
penso MIL vezes antes de agir, ela já agiu no impulso. Se eu não tenho coragem
de andar de bicicleta pela rua, ela já percorreu não sei quantos quilômetros
sem sentir e sem ninguém saber.
Se eu sou a
organização ela é o caos e vice-versa (não vou mentir, porque também sou
bagunceira, a depender da lua), mas nunca somos ou estamos iguais. Se eu tenho
medo de fazer a minha primeira tatuagem, ela já fez nove ou até mais...
E minha
mãe, no meio dessa história toda fica louca, grita, esperneia, não sabe o que
fazer. Diz que a solução talvez seria bater nós duas no liquidificador para ver
se saíamos, por assim dizer, mais “equilibradas”. Um meio-termo. Nem tanto ao
céu, nem tanto a terra. Nem oito, nem oitenta.
Mas ainda
bem que, por enquanto, não inventaram essa máquina mágica. O legal da
convivência é sermos diferentes uns dos outros. Se fôssemos iguais não teria a
mínima graça.
E quanto ao
famigerado “meio termo”... continuará sendo ele a nossa mãe. Mami poderosa,
soberana e guerreira para aguentar duas mocinhas bem legais, mas tão
diferentes. É...aquela mesma que lá no começo do texto eu disse que teve uma
sorte danada!
Juliana Aguiar
18/10/2013