domingo, 29 de dezembro de 2013

O famigerado "meio-termo"

Minha mãe teve uma sorte danada. Digo sorte no sentido bom de ter tido duas filhas como eu e minha irmã que, apesar dos pesares e sem falsa modéstia, somos muito boas filhas, mas também posso dizer “sorte” com uma dose de ironia porquanto, não obstante sejamos mocinhas legais, nascemos completamente diferentes.
Enquanto eu sou virginiana, signo de terra, um pouco sonhadora, mas sempre com os pés no chão, minha irmã escolheu nascer logo no primeiro dia de junho, como autêntica geminiana, signo de ar, cabeça de vento...brincadeirinha de irmã!
Enquanto eu penso MIL vezes antes de agir, ela já agiu no impulso. Se eu não tenho coragem de andar de bicicleta pela rua, ela já percorreu não sei quantos quilômetros sem sentir e sem ninguém saber.
Se eu sou a organização ela é o caos e vice-versa (não vou mentir, porque também sou bagunceira, a depender da lua), mas nunca somos ou estamos iguais. Se eu tenho medo de fazer a minha primeira tatuagem, ela já fez nove ou até mais...
E minha mãe, no meio dessa história toda fica louca, grita, esperneia, não sabe o que fazer. Diz que a solução talvez seria bater nós duas no liquidificador para ver se saíamos, por assim dizer, mais “equilibradas”. Um meio-termo. Nem tanto ao céu, nem tanto a terra. Nem oito, nem oitenta.
Mas ainda bem que, por enquanto, não inventaram essa máquina mágica. O legal da convivência é sermos diferentes uns dos outros. Se fôssemos iguais não teria a mínima graça.
E quanto ao famigerado “meio termo”... continuará sendo ele a nossa mãe. Mami poderosa, soberana e guerreira para aguentar duas mocinhas bem legais, mas tão diferentes. É...aquela mesma que lá no começo do texto eu disse que teve uma sorte danada!

Juliana Aguiar
18/10/2013

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Amor perfeito




Eu vou te escrever na letra de uma canção
Pra te guardar na melodia e no coração
Vou te soltar ao vento
E te deixar voar
O meu amor perfeito
É livre pra voltar

Eu vou te receber de peito aberto e sem razão
Porque o que é lindo a gente vê com a emoção
E vamos voar juntos pela imensidão
O meu amor perfeito
Não vai ter fim não

E bem devagarinho a gente monta um lugar
Tem que ter céu aberto pras estrelas e luar
Vou realizar desejos que tanto planejei
Vou te encher de beijos tudo que eu sempre sonhei

Nós dois em sintonia vamos começar a cantar
Música, letra e alegria sem querer parar
Você é mais que dança sonho e emoção
É meu amor perfeito que eu vou guardar...bem guardadinho
No coração


Juliana Aguiar

01/09/2013

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Crianças, velhinhos e animais


Adoro crianças. Acho até que elas vieram de um outro planeta para ensinar a nós, adultos, um montão de coisas. Não há outro ser tão concentrado nas tarefas que desempenha, nem, tampouco, sinceridade maior no mundo. Crianças são tão transparentes que nem precisam verbalizar nada para sabermos o que sentem e quando sentem algo e ninguém dá atenção elas simplesmente choram.

Amo também os velhinhos. Aqueles adultos que já passaram por tanta coisa que voltaram a ser criança. Talvez as pessoas mais carentes de cuidados, pois, apesar de terem aprendido a se virar sozinhos na vida, por vezes não mais conseguem fazê-lo, em virtude das limitações físicas. Mas, apesar dos pesares, sempre têm histórias fantásticas a nos contar.
    
E o que falar, então, dos animais? Seres mais fiéis e companheiros não existem. Se você está feliz, eles estão ao seu lado. Se estiver triste, nem se fala! Parece que foram feitos exatamente com este desiderato: nos fazer felizes. Às vezes podem parecer independentes demais, a exemplo dos gatos, mas nutrem um amor incondicional que nunca o ser humano, quer dizem, ao menos nem todos serão capazes de compreender.
     
      Crianças, velhinhos e animais têm todos uma coisa em comum. Eles são seres encantados! Puros de alma e coração, tanto que têm uma dificuldade imensa para com as mentiras. Eles conseguem até decifrar o que pensamos por telepatia. E, sem dúvida, são os maiores e melhores mestres para nos ensinar o real sentido da palavra “gratidão”.
     
      Serão sempre eles os destinatários dos meus sorrisos mais fáceis e bobos. Serão também os donos da minha vozinha mais irritante e pueril, aquela mesma que vem à tona quando estamos diante de uma fofura muito grande. Serão sempre meus melhores professores de vida, dignos de carinho, respeito e admiração.


Juliana Aguiar

23/10/2013

Sorrisos na meia noite


O restaurante fechou. Os dois estavam lado a lado sempre sorrindo. Os olhos tinham ternura e os lábios a mais perfeita expressão de felicidade.
Eles caminhavam juntos empurrando o carrinho. O cachorrinho, que também os acompanhava, estava todo aos pulos, numa alegria que dava gosto de ver. Ao que parecia, era a primeira noite em que saía para passear. Tão tarde.
O casal era todo amor e isso se refletia no animal. Enquanto os donos andavam e andavam, lá ele estava. Abanando o rabo. Farejando a rua. Rolando na grama. Quando a moça e o rapaz pararam, ele sentou.
Estacionaram o carrinho de supermercado ao lado de duas grandes latas de lixo. Sem pestanejar, iniciaram os trabalhos. Latas de alumínio. Garrafas de vidro. Papelão. Do lixo para o carrinho.
O filhote olhava de um lado para o outro numa expressão de curiosidade contida, língua para fora e rabo sempre abanando. Quando algum dos dois falava com ele, ele latia baixinho, afinal sabia que já era muito tarde.
Eu, que saía do restaurante, presenciei toda a cena. Depois do medo, deu aquela dor no coração e um nó na garganta. Os dois olharam para mim desconfiados. Fiquei sem graça e acabei balbuciando um “boa noite”.
Eles simplesmente sorriram para mim e voltaram ao trabalho. Talvez tenha sido aquela a primeira vez em que eles deixaram de ser “invisíveis” aos olhos alheios. Não me pediram dinheiro, não disseram que estavam com fome ou frio. Antes de me dirigir ao carro, brinquei com o cachorrinho e eles riram de novo.
Já sentada com a mão no volante eu me dei conta que pra gente ser feliz a gente precisa de muito pouco, talvez só alguém para sorrir junto altas horas da noite.

Juliana Aguiar

25/10/2013